“Nós voltaremos!!!”, foi o grito ecoado pelos Servidores do Judiciário na saída do Plenário da Câmara na madrugada do dia 23/09/2015, por volta das 02h20min, quando a sessão do Congresso Nacional para apreciação dos vetos presidenciais foi derrubada. O motivo dessa vez foi o anúncio de obstrução por parte de líderes de alguns partidos defensores do PLC 28/2015.
A obstrução foi uma ferramenta estratégica adotada no curso da sessão após rápida deliberação conjunta entre parlamentares apoiadores, servidores e sindicatos. A saída emergencial encontrada diante da constatação de que o quórum antes significativo, que chegou a registrar 424 Deputados e 71 Senadores presentes, havia sido drasticamente reduzido madrugada adentro, tornando-se insuficiente para a derrubada do veto 26.
O pano de fundo do revés ocorrido no curso da sessão, denunciado corajosamente por diversos parlamentares presentes, foi o loteamento de ministérios e cargos em favor de alguns integrantes do PMDB. A negociação por parte do Governo Federal aconteceu ao longo do mesmo dia 22, o que explica a abrupta mudança da orientação do Presidente do Senado, que por volta do meio dia declarou à imprensa que pediria aos líderes o não comparecimento à sessão e já no final da tarde passou a defender a realização da sessão marcada, seguindo orientação que passou a ser dada pelo próprio Governo, que passou a querer que a sessão fosse realizada, como noticiado pela mídia.
Toda essa movimentação por parte do governo e dos servidores do Judiciário resultou na realização da sessão, porém ocorreu o encerramento por falta de quórum antes da apreciação do veto 26. O resultado contrariou o melhor de cada lado, portanto dando continuidade à luta dos servidores do Judiciário pela derrubada do veto contra as articulações do Governo para manutenção do veto.
Os próximos passos caberão a decisões do Comando Nacional de Greve e às Assembleias espalhadas pelo país. O novo cenário plantado pelo governo requer avaliação e reformulação das estratégias para o futuro.
Nesse momento, as interpretações dos fatos e da conjuntura se diversificam pelo olhar de muitos. Nesse caso, o copo está meio cheio ou meio vazio?
Há quem diga que o copo está meio cheio porque nem a entrega de ministérios ao PMDB foi o suficiente para levar a votação pela manutenção do Veto 26/2015;
Há quem diga que o copo está meio vazio porque não tem mais fôlego para ir além do dia 22/09 ou até uma próxima sessão, marcada para o dia 30/09/2015;
Há quem diga que o copo está meio cheio porque conseguiram convencer parlamentares mostrando os números reais do PLC 28/2015, que se contrapõem aos números apresentados pelo Governo e insistentemente divulgados pela mídia;
Há quem diga que o copo está meio vazio porque o corte de ponto é iminente nesse ou naquele Tribunal;
Há quem diga que o copo está meio cheio porque conseguiram negociar e suspender o corte de ponto nesse ou naquele Tribunal;
Há quem diga que o copo está meio vazio porque o Governo tem poder sobre o Legislativo;
Há quem diga que o copo está meio cheio porque o Governo tem sofrido visível desgaste na tentativa de aproximação com Parlamentares para influenciar as decisões do Congresso;
Há quem diga que o copo está meio vazio porque o Governo está tendo muito trabalho junto aos partidos para conseguir apoio;
Há quem diga que o copo está meio vazio porque a votação não ocorreu. Há quem diga que o copo está meio cheio pela mesma razão.
E o seu copo? Como está?
Qualquer que seja sua resposta para essa reflexão, é fato que a guerra pela derrubada/manutenção do veto 26 não chegou ao fim. O dia 22/09 pode não ter sido o dia “D” ou a Primavera do Judiciário, como também não caracterizou vitória do Governo Federal, que ansiava pela manutenção do veto 26. Resta saber de qual dos lados será a vitória final, pois a guerra ainda está em aberto e não acabou.
“E as flores da nossa primavera, da Primavera do Judiciário, vão florescer! As sementes estão no solo e precisam continuar recebendo água e adubo.” Débora Nery – TSE
“Afinal, somos como a fênix, resilientes e sempre renasceremos das próprias cinzas.” Luiz Valério – TSE
Com greve ou sem greve, de copo meio cheio ou meio vazio, cabe a cada servidor escolher que caminho tomar. É preciso ter em mente que não existe meio termo ou lugar “em cima do muro”. Deixar de lutar nessa reta final certamente equivalerá a contribuir para que o veto 26 prevaleça. É tempo de recobrar o fôlego, recuperar as energias, arregaçar as mangas e se manter em movimento, para terminar de conquistar o que há muito se começou de forma unida, colaborativa e estratégica.
“Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.” Rui Barbosa
“Se querer é poder, querer é vencer.” Rui Barbosa
Equipe Fazendo Justiça